“Desenhos & Formatos”

Escrito por
Alexandre Bianco
Fotos:
Arquivo Pessoal
“O aprimoramento do desenho como processo de expressão da arte e a sua representação, na Arquitetura, durante os períodos do Art Nouveau, Art Dèco e Modernismo”, por Alexandre Bianco, proprietário da "BIANCO ARQUITETURA & design".

A arte de desenhar representa, numa tela física, o que a mente idealiza: é pela ação rápida das mãos ou por meio tecnológico,  que um artista, na expressão que mais se identificar, consegue representar a emoção que deseja.

O desenho é a expressão gráfica, do que a música, por exemplo, demostra ao nos despertar o interesse pela audição atenta.

O Art Dèco, marcado no Brasil entre 1930 e 1940, foi um movimento caracterizado pelo apuro do desenho geométrico e pela simetria, destacando as linhas retas em perfeita coordenação  com as curvas, tudo muito bem resolvido, como num precioso exercício do desenho.

Muitos autores e teóricos enxergam no movimento o início do traço modernista, pela tecnicidade, e racionalização dos volumes das edificações e em tudo que o desenho apurado e geométrico permitiu, durante todo esse processo de limpeza das informações visuais que o movimento primou.

O Art Dèco surgiu num paralelismo cronológico, quase como reação ao também lindíssimo Art Nouveau, caracterizado pelo amplo apelo bucólico; que ornou a arquitetura, objetos e ambientes com formas orgânicas de inspiração na natureza.

A geometria aconteceu também como ornamento na decoração, em objetos, luminárias e mobiliário.

A partir daí, numa observação muito particular, acredito que o exercício do desenho no mobiliário já iniciou o processo de maior fluidez nas formas, e o desenho rigorosamente geométrico passou a ganhar mais fluidez, percebido na Segunda Fase da Bauhaus.

Com todo esse processo de limpeza do desenho, os ornamentos foram suprimidos, e as linhas puras foram se misturando em doses bem equilibradas, destacando a sobriedade dos volumes e a  monumentalidade dos espaços.

Como num processo, que desenhamos um projeto, sobrepondo um papel, limpamos a informação e produzimos outro desenho, mais próximo ao que desejamos, sucessivamente. 

Todo o processo requer um croquis e todos o croquis faz parte de um processo: o cuidado pela busca, para descascar o que ainda não representa o momento, até a conclusão de todo o processo, pela real essência do interesse...

“Casa Batlló”, Art Nouveau, de Antonio Gaudi, 1904, em Barcelona, Espanha.
Detalhes da “Casa Batlló”: ornamentos com expressão bucólica.
Detalhe da fachada do prédio da “Casas Franklin”, 1911: um dos primeiros prédios a aderir ao projeto do “Corredor Cultural do Rio de Janeiro”, em 1979.
O “Viaduto Santa Ifigênia”, construído entre 1910 e 1913, é uma das construções urbanas mais representativas do Art Nouveau no Brasil, com elementos importados da Bélgica.
O icônico “Edifício Biarritz”: o prédio Art Dèco projetado em 1940 por Henri Paul Pierre Sajous é um dos grandes destaques na paisagem urbana, no bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro.
A portaria do emblemático “Edifício Itahy”, projeto de Arnaldo Gladosch, com a escultura “Sereia de Prata” acima da porta principal. Copacabana, Rio de Janeiro, 1932.
A grande representatividade Art Dèco do “Banco de São Paulo”, construído entre 1935 e 1938.
Detalhes dos adornos da porta principal do “Banco de São Paulo”, com expressivas formas geométricas.
Art Déco: “Chrysler Building”, 1930 e “30 Rockefeller”, de 1933, ambos em Nova York|NY, USA.
“Estação Central do Brasil”, prédio Art Dèco, construído em 1858 e reconstruído em 1937, no Centro da cidade do Rio de Janeiro.
O monumento internacional em pedra sabão, em estilo Art Dèco, símbolo do Rio de Janeiro e do Brasil, teve sua construção iniciada em 1920 na França e sua inauguração em 1931.
O “Elevador Lacerda”, com suas linhas marcantes, foi considerado o mais alto do mundo na época da sua construção, em 1873.
A linda escadaria Art Dèco do foyer do tradicional “Cine Roxy”, de 1938, em Copacabana, no Rio deJaneiro.
“Madeiras trabalhadas de forma unificada, linhas concisas, traços geométricos e brilho marcaram o mobiliário Art Dèco, como neste exemplar de Jacques-Emile Ruhlmann”.
Casa Art Dèco de 1932, em Miami, Florida, USA. Geometria pura, anunciando uma leitura modernista.
A fachada principal da “Casa Modernista da Rua Santa Cruz”: a primeira casa modernista brasileira, onde funciona o “Museu da Cidade de São Paulo”, de Gregori Warchavchik, de 1927-1928, em São Paulo.
Croquis da fachada da “Casa da Rua Santa Cruz”, de Gregori Warchavchik, de 1927, em São Paulo.
Warchavchik, em carta destinada ao secretário do CIAM, Siegfried Giedion, relatava as inúmeras dificuldades que teve que enfrentar durante a construção, desde a aprovação, o alto preço de materiaiscomo cimento e vidro e a falta de formação técnica da mão de obra.
A “Casa Curutchet”, na Argentina, foi inaugurada em 1935, após seis anos do projeto aprovado. A casa tem 345m2, e foi implantada num terreno de 9m x 20m. É a única casa projetada por Le Corbusier na América Latina.
A icônica “Casa Farnsworth”, “A Casa de Vidro”, de Mies van der Rohe, da escola Bauhaus, foi construída nos anos 1950 e 1951, no estado de Ilinois, próximo à Chicago, USA.
Geometria absoluta, grandes vãos e transparências, caracterizam a pura linguagem modernista.
A linguagem pura, monocromática, da obra de Richard Meier & Partners, na “Smith House”, 1967, em Darien, Connecticut.
“Saltzman House”, 1967-1969, de Richard Meier & Partners, em East Hampton, NY.
Desenho de Richard Meier & Partners, “Douglas House”, 1973.
“Douglas House”, de Richard Meier & Partners.
“Douglas House”: interiores, de Richard Meier & Partners.
“High Museum of Art”, de Richard Meier & Partners, 1983, Atlanta|Georgia, USA.
“Ana Pacis Museum”, 2006, de Richard Meier & Partners, Rome, Italy.

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